segunda-feira, 21 de maio de 2012

Anotações sobre o trabalho da Profº Marcia Regina Ciscati


ROBSON LUIZ DUARTE SILVA RGM 06891









































VISITAÇÃO AO PÁTIO DO COLÉGIO E AO MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA





















































FACULDADE DAS AMÉRICAS

SÃO PAULO, 2012

ROBSON LUIZ DUARTE SILVA RGM 06891









                                                                                         































VISITAÇÃO AO PÁTIO DO COLÉGIO E AO MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA:

Pesquisa bibliográfica e documental/campo com a leitura do espaço somada aos textos de sala de aula, constituída pela visitação aos dois equipamentos históricos, percebendo suas afinidades, sua relação com a bibliografia pesquisada e com a História da Educação no Brasil, comprovando que a história não se constitui uma mera realidade do passado, mas sim um fato presente, com desdobramentos atuais e perspectivas para o futuro.                                                                                              





























FACULDADE DAS AMÉRICAS

SÃO PAULO, 2012

 Prefacio



       Baêta Neves, em “O Combate dos Soldados de Cristo na terra dos Papagaios”, RJ, 1978, inicia sabiamente, informando aos seus leitores que se trata de uma viajem no tempo “e não no espaço”, fundamental colocação, a ser observada durante toda a nossa andarilhagem pela História do Brasil, posto que, indiscutivelmente, nela, Baêta Neves, enquanto discorre sobre o “Colonialismo e repressão Cultural”, nós fala do Brasil dos dias de hoje, de cada um e de todos nós.



       Descrevendo cada um dos personagens, de um lado os colonizadores europeus, leia-se o Rei e os investidores capitalistas da Coroa Portuguesa, do outro lado os povos originários que foram colonizados ou exterminados e os negros africanos que foram escravizados e conduzidos para cá, delineando a supremacia militar da Burguesia Portuguesa e sua associação com o Papa que encaminha os padres jesuítas com a missão de conquistarem novos fieis, expõe a superioridade bélica da usurpadora marinha portuguesa sobre os usurpados nativos da terra, fala da supremacia militar, dos seus interesses expansionistas e das suas necessidades financeiras, descreve a preeminência científica da cultura europeia sobre a cultura dos nativos e dos negros africanos, narrando a hegemonia imposta pelos saqueadores invasores sobre os indefesos povos nativos, apresenta a opção imposta pelos dominadores aos dominados, que deveriam se submeter à escravidão, como uma forma de agradecimento pela salvação de sua alma ou como segunda opção “o extermínio coletivo da sua nação”.



         Nossa expectativa é de que esta simples apresentação da pesquisa realizada sirva não somente para ampliar o nível de informação dos leitores, mas também para propiciar que de modo crítico, possamos refletir sobre as informações expostas, construindo uma opinião e assim tomar uma posição sobre os fatos aqui apresentados.       



        Com a visita aos instrumentos históricos ao Pátio do Colégio e ao Museu da Língua Portuguesa, pudemos constatar de forma inequívoca um Brasil, sendo descrito e verdadeiramente apresentado pelo narrar de sua história, que se inicia assim...  



       No início dos “Tempos Modernos”, encontramos uma Europa, passando por uma série de significativas mudanças de ordem política, econômica, cultural e, até mesmo, geográfica; Foram estas inúmeras transformações que se constituíram nos fundamentos do nosso Mundo Moderno, quando a crise e a desagregação do mundo feudal, no Ocidente Europeu, possibilitaram o fortalecimento do poder dos reis e a construção de monarquias de caráter nacional, exemplo disso, foi o Reino de Portugal, que de forma precoce, consolidou-se como monarquia nacional.



       A expansão marítima foi também uma forma de superação dos problemas herdados da Idade Média, além de ter sido responsável pelo aumento do conhecimento de outras regiões do globo terrestre, razão pela qual Portugal passa a ocupar papel de destaque pelo pioneirismo e por sua ação sistemática em ampliar o conhecimento da costa africana, no claro intuito de alcançar as Índias e suas cobiçadas especiarias.



       O comércio com lugares distantes e a necessidade de garantir lucro, criaram novas atitudes econômicas. As práticas mercantilistas visavam uma balança comercial favorável e uma acumulação de riquezas que objetivavam garantir a estabilidade das monarquias modernas. Com a difusão da exploração do tipo colonial, onde as colônias deveriam desempenhar o papel de apêndices econômicos das metrópoles, garantindo-lhes lucro, sendo consideradas celeiros de riquezas.



        Por outro lado, o Renascimento e o Humanismo iniciaram um processo de transformação de mentalidades na Europa, surgem formas inovadoras de pensar o homem, as relações com o mundo e com Deus, atingindo a principal instituição do mundo feudal: a Igreja Católica, na passagem para a Idade Moderna a Igreja Católica trazia uma enorme carga de problemas, o que possibilitou o surgimento do movimento da Reforma Protestante.



        A questão da unificação dos Estados Nacionais era outro problema, pois mesmo quando a religião católica era declarada a “religião oficial”, a Igreja se via submetida à autoridade dos interesses do estado, chegando a haver o perigo de sua instrumentalização ou até mesmo de sua absorção. A Igreja vivia o dilema entre o universalismo e o poder dentro de cada Estado Nacional.



       Brasil Colonial ou America Portuguesa, tem características feudais dentro de uma ordem capitalista, sistema configurador de fisionomias e a caracterização interna entendida a partir de uma leitura mais ampla do Ocidente Capitalista, ou seja, não é possível “ler” a realidade de maneira isolada; Estas só é compreensível se relacionada a outras realidades, quando o Brasil se inscreve na História Ocidental o “velho mundo” lançava os germes do Capitalismo, entramos pois no sistema na condição de “Colônia Portuguesa”.



        O Brasil como colônia funcionava como um entreposto de abastecimento e enriquecimento para a Metrópole, sendo sufocadas as potencialidades de crescimento da colônia que era relegada a condição de “quintal do velho mundo”. Aqui aportaram as tradições brancas, ocidentais e cristãs, bem como as tradições africanas que unidas e permanentemente entrelaçadas com as tradições dos povos gentios vão compondo ao longo das gerações sua particularidade própria, formada por uma composição de diversidades, bem como, de conflitos, desajustes e desigualdades sociais que se seguem em uma reedição perpétua.



        Portugal como Metrópole vivia empenhado com suas colônias nas Indías, local onde havia lucro líquido e certo, tratava-se pois não de uma aventura mas de um empreendimento mercantil, político, empresarial. Brasil como colônia só merece atenção quando o Império Português perde seus domínios e a America Portuguesa sofre com a ameaça de interesses franceses, holandeses e ingleses.          



        A fundação da Companhia de Jesus, em 1537, constitui um esforço de fortalecimento da Igreja e se estabelece como o ponto central na transformação e nos pilares básicos da Contra Reforma, realçando o espírito prático dos jesuítas, principalmente no trabalho missionário, proporcionando um esforço de aproximação cultural com grupos sociais e étnicos a serem evangelizados, a exemplo da catequese feita nas línguas dos povos submetidos à Companhia.



        As Capitanias Hereditárias e a dicotomia centralização / descentralização, era marca da indefinição político – administrativa sobre a colônia, estabelece-se primeiramente as Capitanias Hereditárias, ao Capitão Hereditário são conferidos certos poderes que se estendem aos seus descendentes. Em 1548 estabelecem-se o Governo Geral Superior, mas não supressor das Capitanias, portanto, uma centralização sobre a descentralização. 



         Com a criação do Governo Geral, temos a chegada dos jesuítas ao Brasil com o inicio da hegemonia Jesuítica (1549 – 1759), nos trinta primeiros anos da colonização do Brasil, Portugal dedicou-se exclusivamente à exploração das riquezas sem efetivo projeto de povoamento. Os índios que ocupavam o território brasileiro, diziam que os nativos não tinham as letras ‘F, nem L, nem R’, não possuindo ‘Fé, nem Lei, nem Rei e viviam “desordenadamente”.



        Essa suposição de uma ausência linguística e de “ordem” revela, um tanto avant la lettre, o ideal de colonização trazido pelas autoridades portuguesas: superar a “desordem”, fazendo obedecer a um Rei, difundindo uma Fé e fixando uma Lei, portanto deveriam desenvolver-se sob a égide do Rei de Portugal, da Fé Crista, obedecendo as Leis Portuguesas e aos dogmas da Igreja de Roma.



        A vinda dos jesuítas proporcionava assim a expansão da Fé e do Império, reunindo mercadores e evangelizadores sob a mesma empresa, com uma política de instrução: Uma escola e uma igreja, edificaram templos e colégios nas mais diversas regiões da colônia, constituindo um sistema de educação e expandindo sua pedagogia através do uso do teatro, da música e das danças, “multiplicando seus recursos para atingir à inteligência das crianças e encontrar-lhes o caminho do coração”. (AZEVEDO, 1943, p.290).



          Os jesuítas tiveram grande importância no campo das artes. A propagação de um estilo jesuítico nas artes foi tamanha, que pode ser dedicado um capítulo inteiro aos jesuítas na História da Arte no Brasil. Com o aprendizado das artes e dos mais diferentes ofícios adquiriram autossuficiência na fatura dos mais diversos objetos de uso pessoal e para a lida cotidiana, de pares de sapatos a embarcações para transportar os padres e irmãos.



         A adaptação aos costumes locais em respeito à diversidade das regiões sob domínio jesuítico, para a eficácia da catequese, era orientação que constava nas Constituições de 1550 da Companhia de Jesus, aos padres e irmãos que estavam em Roma. De fato, os jesuítas empreenderam no Brasil uma significativa obra missionária e evangelizadora, especialmente fazendo uso de novas metodologias, das quais a educação escolar foi uma das mais poderosas e eficazes.



         A concepção pedagógica tradicional se caracteriza por uma visão essencialista de homem, isto é, o homem é concebido como constituído por uma essência humana e imutável. À educação cumpre moldar a existência particular e real de cada educando à essência universal e ideal que o define enquanto ser humano. Para a vertente religiosa, tendo sido o homem feito por Deus à sua imagem e semelhança, a essência humana é considerada, pois, criação divina. Em consequência, o homem deve empenhar-se para fazer por merecer a dádiva sobrenatural.



         A expressão mais acabada dessa vertente é dada pela corrente do tomismo, que consiste numa articulação entre a filosofia de Aristóteles e a tradição cristã; tal trabalho de sistematização foi levado a cabo pelo filósofo e teólogo medieval Tomás de Aquino [...] E é justamente tomismo que está na base do Ratio Sudiorum [...] (SAVIANI, 2004, p. 127).



         Ainda que não tenham sido os jesuítas os primeiros a pisar a Terra de Santa Cruz – vale lembrar que junto com Pedro Álvares Cabral, vieram os franciscanos. Essa primazia dos franciscanos, no entanto, não legou à posteridade o mesmo alcance que tiveram os jesuítas, que durante duzentos e dez anos, a partir da chegada em 1549 até a expulsão em 1759, detiveram o monopólio da educação.





        O primeiro grupo de missionários desembarcou na cidade de Salvador, na Bahia, em 1549, acompanhando a armada que trazia o primeiro Governador Geral do Brasil, Tomé de Sousa. Designados para converter os pagãos da terra a fé cristã, os membros da Companhia de Jesus encontrariam demasiadas dificuldades para tal empreendimento. Nos primeiros anos das missões, são vários os obstáculos encontrados à conversão. Entre eles podemos citar a inconstância dos Brasis que pouco tempo após terem recebido os ensinamentos cristãos voltavam a viver de acordo com seus costumes “pecaminosos”; o exemplo dado pelos colonos e o tratamento destes para com os indígenas; e por fim, a corrupção do clero secular.



         Os problemas não param por aí. Após a implementação das Aldeias, um número pequeno de missionários jesuítas teria que se preocupar com os perigos de um extenso território hostil, a fim de, convencer grupos indígenas a transferir-se para estas propriedades. Segundo a visão jesuítica, a natureza tropical teria sido abandonada por Deus e por isso era encarada como um local misterioso, temível, passível de ser a morada do Diabo.



         Além disso, são muitos os relatos que apontam as necessidades pelas quais passavam os padres devido à falta de recursos como roupas, calçados e alimentos, os esforços despendidos pelos missionários jesuítas assumiam um caráter paternalista e um sentido mal orientado de superioridade cultural europeia.



        Porém, este empenho não era realizado sem algum senso de reciprocidade em relação aos indígenas, caminhou singularmente para o hibridismo, e isso, reflete-se no aspecto religioso representado pelo sistema jesuítico, mesmo sendo este a principal força de europeização e de conduta ética e intelectual presente no Brasil. Um exemplo disso é a moral sexual indígena flexibilizando as leis matrimoniais da Igreja quanto aos impedimentos de sangue e a tolerância de alguns costumes tupis nos ritos de uma missa católica.



          A missão representa a vontade de inserção da religiosidade católica em laços maiores, profanos, sociais. Porém, essa abertura passa a utilizar elementos culturais não cristãos em várias situações como no teatro e nas confissões, e ao se preocupar com os aspectos públicos dos cultos promove uma maior integração da sociedade que contribui com elementos culturais próprios em tais espaços, o “modo de proceder” dos jesuítas tinha como uma de suas principais características a “flexibilidade” e não a rigidez, solicitando aos jesuítas que tratassem o próximo de maneira afável e não como quem quer controla-lo.



      

CONCLUSÃO



         Apresentadas as conjecturas históricas, filosóficas, ideológicas, religiosas, econômicas e políticas, que serviram de base a todos os acontecimentos relacionados a vinda dos Jesuítas e permanência dos Jesuítas no Brasil até sua expulsão, verifica Baêta Neves, que o processo de colonização catequético, foi imposto segundo normas e regras que focavam as necessidades e prioridades da Coroa Portuguesa, Igreja Católica e dos senhores mercantilistas. Apontando ainda o autor, que pouca coisa mudou, após o processo de Colonização até os dias da elaboração do livro, relatando que se ontem tínhamos a Coroa Portuguesa, hoje temos como herança, o Poder hierárquico.  





A catequese e o batismo



No batismo cristão, a água enquanto parte do rito de purificação conduz a morte todo o mal de que o homem é originalmente portador e engendra o seu renascimento, resgatando-o em sua trajetória terrestre enquanto o filho de Deus. Elementos sagrado a água representa o elo entre antigos ritos pagãos e o batismo, que no catolicismo é o sacramento que imprimi caráter ao apagar o “pecado original” e inserir homem ao corpo mestiço de Cristo a igreja.

No Brasil Colonial, só recebia o sacramento do batismo o gentio que houvesse manifestado perseverança em abandonar algumas das suas tradições, incompatíveis com os preceitos cristãos, e estivesse disposto adotar uma nova postura religiosa. Ao índio batizado era conferido um nome cristão e com ele a inserção ao novo grupo social que se estabelece em terras brasileiras. Entretanto, o batismo como atesta grande parte dos relatos dos primeiros que para cá vieram, não era de modo algum garantia de conversão do gentio. A dificuldade de se manter dentro dos novos costumes cristãos, em função até do reproduzido número de padres, fazia com que grande parte dos batismos realizados fosse muitas vezes em vão. A parte de 1561 foi adotada batismos coletivos que chegaram a reunir mais de 500 almas numa mesma cerimônia.        





Anotações da Profª Marcia Regina Ciscati



Queremos, então, desvendar um pouco das relações de poder, das determinações entre saber e poder, das articulações menos visíveis (mais capilares) entre Fé e Império.  

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